quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Jorge Amado..






Nem a rosa, nem o cravo...
Último texto

Nem a rosa, nem o cravo...

Jorge Amado


As frases perdem seu sentido, as palavras perdem sua significação costumeira, como dizer das árvores e das flores, dos teus olhos e do mar, das canoas e do cais, das borboletas nas árvores, quando as crianças são assassinadas friamente pelos nazistas? Como falar da gratuita beleza dos campos e das cidades, quando as bestas soltas no mundo ainda destroem os campos e as cidades?

Já viste um loiro trigal balançando ao vento? É das coisas mais belas do mundo, mas os hitleristas e seus cães danados destruíram os trigais e os povos morrem de fome. Como falar, então, da beleza, dessa beleza simples e pura da farinha e do pão, da água da fonte, do céu azul, do teu rosto na tarde? Não posso falar dessas coisas de todos os dias, dessas alegrias de todos os instantes. Porque elas estão perigando, todas elas, os trigais e o pão, a farinha e a água, o céu, o mar e teu rosto. Contra tudo que é a beleza cotidiana do homem, o nazifascismo se levantou, monstro medieval de torpe visão, de ávido apetite assassino. Outros que falem, se quiserem, das árvores nas tardes agrestes, das rosas em coloridos variados, das flores simples e dos versos mais belos e mais tristes. Outros que falem as grandes palavras de amor para a bem-amada, outros que digam dos crepúsculos e das noites de estrelas. Não tenho palavras, não tenho frases, vejo as árvores, os pássaros e a tarde, vejo teus olhos, vejo o crepúsculo bordando a cidade. Mas sobre todos esses quadros bóiam cadáveres de crianças que os nazis mataram, ao canto dos pássaros se mesclam os gritos dos velhos torturados nos campos de concentração, nos crepúsculos se fundem madrugadas de reféns fuzilados. E, quando a paisagem lembra o campo, o que eu vejo são os trigais destruídos ao passo das bestas hitleristas, os trigais que alimentavam antes as populações livres. Sobre toda a beleza paira a sombra da escravidão. É como u'a nuvem inesperada num céu azul e límpido. Como então encontrar palavras inocentes, doces palavras cariciosas, versos suaves e tristes? Perdi o sentido destas palavras, destas frases, elas me soam como uma traição neste momento.

Mas sei todas as palavras de ódio, do ódio mais profundo e mais mortal. Eles matam crianças e essa é a sua maneira de brincar o mais inocente dos brinquedos. Eles desonram a beleza das mulheres nos leitos imundos e essa é a sua maneira mais romântica de amar. Eles torturam os homens nos campos de concentração e essa é a sua maneira mais simples de construir o mundo. Eles invadiram as pátrias, escravizaram os povos, e esse é o ideal que levam no coração de lama. Como então ficar de olhos fechados para tudo isto e falar, com as palavras de sempre, com as frases de ontem, sobre a paisagem e os pássaros, a tarde e os teus olhos? É impossível porque os monstros estão sobre o mundo soltos e vorazes, a boca escorrendo sangue, os olhos amarelos, na ambição de escravizar. Os monstros pardos, os monstros negros e os monstros verdes.

Mas eu sei todas as palavras de ódio e essas, sim, têm um significado neste momento. Houve um dia em que eu falei do amor e encontrei para ele os mais doces vocábulos, as frases mais trabalhadas. Hoje só 0 ódio pode fazer com que o amor perdure sobre o mundo. Só 0 ódio ao fascismo, mas um ódio mortal, um ódio sem perdão, um ódio que venha do coração e que nos tome todo, que se faça dono de todas as nossas palavras, que nos impeça de ver qualquer espetáculo - desde o crepúsculo aos olhos da amada - sem que junto a ele vejamos o perigo que os cerca.

Jamais as tardes seriam doces e jamais as madrugadas seriam de esperança. Jamais os livros diriam coisas belas, nunca mais seria escrito um verso de amor. Sobre toda a beleza do mundo, sobre a farinha e o pão, sobre a pura água da fonte e sobre o mar, sobre teus olhos também, se debruçaria a desonra que é o nazifascismo, se eles tivessem conseguido dominar o mundo. Não restaria nenhuma parcela de beleza, a mais mínima. Amanhã saberei de novo palavras doces e frases cariciosas. Hoje só sei palavras de ódio, palavras de morte. Não encontrarás um cravo ou uma rosa, uma flor na minha literatura. Mas encontrarás um punhal ou um fuzil, encontrarás uma arma contra os inimigos da beleza, contra aqueles que amam as trevas e a desgraça, a lama e os esgotos, contra esses restos de podridão que sonharam esmagar a poesia, o amor e a liberdade!


O texto acima foi publicado no jornal "Folha da Manhã", edição de 22/04/1945, e consta do livro "Figuras do Brasil: 80 autores em 80 anos de Folha", PubliFolha - São Paulo, 2001, pág. 79, organização de Arthur Nestrovski.

Conheça a vida e a obra de Jorge Amado visitando “Biografias”.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Euuuuu

Carnaval sem opções fui á Ilha do Rodeadouro,um dos meus locais preferidos na minha região.Como sempre O Velho Chico,cenário principal.... Sombras maravilhosas....
Adorei ........

deixo aqui algumas fotos...
Olha só eu aí....gostaram? é só pedir bissssssssssssssss...
Alguns pontinhos da ilha que eu amo...
Não falta locais pra uma boa fotografia....
Um sol que fascina a todos...
Olha eu aqui ....



Será que vão gostar,se nao por favor me perdoem tá....

Ando sem rumo .... ....rsrsrrss...
bom carnaval ...
tudo de bom pra todos....
Beijinhos fofos !!!!!!...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

सु Lunga


Pra quem não conhece Seu lunga aí está alguns causos dele e um pouquinho da sua história.

Seu Lunga

Joaquim Rodrigues dos Santos (Caririaçu, 18 de agosto de 1927), mais conhecido como Seu Lunga, é um comerciante
que se tornou conhecido no Brasil por seu temperamento forte.

Teve sete irmãos e viveu sua infância "no meio dos matos", afastado da cidade. O apelido lhe acompanha desde
esta época, quando uma vizinha de sua família, que ele só identifica como preta velha, começou a lhe chamar de
Calunga, que virou Lunga e pegou. Começou a trabalhar na roça aos oito anos de idade, e admira a criação rígida
que teve de seu pai, o que marca um aspecto psicossocial do homem Lunga.
Seu Lunga é um personagem tão folclórico que ninguém acredita na sua existência real. Mas ele existe. Trata-se de um velho, porém, cheio de energia, muito conhecido na cidade de Juazeiro do Norte, no interior do Ceará (terra do famoso Padre Cícero). Mas, se o homem existe por um lado, o mito em torno dele existe por outro e por todo o Nordeste surgem as mais originais e engraçadas estórias atribuídas a ele. Tudo por conta da sua personalidade de velho carrancudo, malcriado e estupidamente irônico, o que lhe valeu os título de ¿A Pessoa Mais Estúpida do Brasil¿ e o ¿Troféu Limão 2004¿. O cara é tão casca grossa, que há algum tempo atrás quando uma equipe do Fantástico foi fazer uma reportagem com ele para o quadro Brasil Legal, o véio pegou ar e saiu correndo atrás da equipe com um porrete na mão.
Aos 16 anos mudou-se para Juazeiro do Norte, passando a ser ourives por dois anos. Depois começou a
comercializar no Mercado Público da cidade e a trabalhar no comércio com sua loja de sucata.
Casado em 1951, teve treze filhos, que, apesar da pouca instrução, conseguiu manter-lhes pelo menos com a
educação básica. A pouca instrução de "Lunga", por outro lado, não o impediu de candidatar-se a vereador da
cidade de Juazeiro em 1988, eleição que não ganhou.


Alguns de seus "causos" (não sei quais são apócrifos ou não):
Coragem para viajar
Numa conversa de bar, um coitado foi cair na besteira de dizer, na frente do Seu Lunga, que tinha coragem de viajar de avião, mas, de navio não, porque não sabia nadar.
Seu Lunga, no ato, perguntou:
- E você sabe voar, seu merda?
Enterrado vivo
Seu Lunga encontra um conhecido e diz que está indo ao enterro do Chico pedreiro. O conhecido, muito espantado, cai na besteira de perguntar:
- Mas, o Chico pedreiro morreu?...
Seu Lunga , grosseiramente responde:
-Não!... A família resolveu enterra-lo vivo.
Seu Lunga trocando o jerico
Seu Lunga foi trocar um jegue numa feira de troca de animais. Assim que chegou um abestado e foi logo perguntando:
- Veio trocar o jerico em outro animal?
Seu Lunga fez uma cara feia e respondeu na bucha:
- Vim nojento, mas não num veado como tu!
na igreja
Seu Lunga foi a igreja e o padre, muito satisfeito, pois o truculento homem não era muito de rezas, perguntou todo feliz:
- Orando a Deus Seu Lunga?
Seu Lunga, não procurando conter a raiva, respondeu:
- Não, seu padre, só estou aporrinhando o cão com reza!
Seu Lunga estava na sua casa com sede. E manda seu sobrinho lhe trazer um pouco de leite. Daí o pobre do garoto
pergunta:
- No copo, Seu Lunga?
E seu Lunga responde:
- Não. Bota no chão vem empurrando com o rodo, fi de rapariga!!!


O funcionário do banco veio avisar:
- Seu Lunga, a promissória venceu.
- Meu filho, pra mim podia ter perdido ou empatado. Não torço por nenhuma promissória.


Seu Lunga entrando em uma agropecuária.
-Tem veneno pra rato?
-Tem! Vai levar? - Pergunta o balconista.
-Não, vou trazer os ratos pra comer aqui!!! - responde seu Lunga.

Seu Lunga, no elevador (no subsolo-garagem). Alguém pergunta:
- Sobe?
Seu Lunga:
- Não, esse elevador anda de lado.


Seu Lunga vai saindo da farmácia, quando alguém pergunta:
- Tá doente, Seu Lunga?
- Quer dizer que seu fosse saindo do cemitério, eu tava morto???


Seu Lunga dava uma bela surra no filho e o menino gritava:
- Tá bom, pai! Tá bom, pai! Tá bom, pai!
- Tá bom? Quando tiver ruim, você me avisa, que eu paro.

O amigo de seu Lunga o cumprimenta:
- Olá, seu Lunga! Tá sumido! Por onde tem andado?
- Pelo chão, não aprendi a voar ainda...


Na década de 70, Seu Lunga chega num bar e fala pro atendente:
- Traz uma cerveja e bota o disco de Luiz Gonzaga pra eu ouvir!
- Desculpe seu Lunga, não posso botar música hoje...
- Mas por que??
- Meu avô morreu!
- E ele levou os discos, foi?

Durante a madrugada, a mulher do seu Lunga passa mal:
- Lunga! Ta me dando uma coisa...
- Receba!
- Mas é uma coisa ruim!
- Então devolva!!

O telefone toca. Seu Lunga:
- Alô!
- Bom dia! Mas quem está falando?
- Você!