terça-feira, 24 de novembro de 2009

Amazônia II

Motosserras, correntões e queimadas! O verde em vermelho! Perdas irreparáveis de viço e de botânicos únicos. Não há coerção quando as ações são mais lentas e ineficazes do que a derrubada. É a biofobia rasgando os papéis timbrados.
O desvario de licenças para fazendeiros, no hipotético do respeitar contratuais, pelas notórias dificuldades a esse controle, incluindo implicações várias, algumas bem conhecidas, é de uma indecente inocência.

Santuário ecológico coisa alguma. A equação é simples: a madeira financiando o rebanho. O pasto e o churrasco são precederes, preceitos e preces.
Fazendeiro nunca foi tesoureiro da natureza. É expansionista, alongando seguidamente os seus geométricos de mourões. Debater dados climáticos científicos com quem cria animais para o abate é de um abismal atroz.
O que centenas de ONGs estão fazendo lá em permitidos? Quem concedeu as autorizações saberia responder com critério o porquê? Não desmerecendo os Salesianos, a rigor, ninguém lá está como samaritano.
As falácias de quem deveria agir com eficácia são assustadoras. Quiçá, bizarras. Dizem, dentre tantos e tantas, que será criada a Guarda Florestal aos moldes da Guarda Nacional. – Ó memória, dize-me: há algum feito notório e auspicioso, acontecido no asfalto, que possa ser creditado em louvor a essa Guarda Modelo? Nos embrenhados do mato seria mais fácil de coibir alguma coisa?
Nesse contínuo da retórica, há um capítulo para pasmar, apesar dos inúmeros já estatuídos. Com dinheiro emprestado de fora, como se assim houvesse a necessidade, chegam ao absurdo de uma assertiva que é o fígado da incoerência: nas áreas já devastadas, criar um anteparo de mata que assim protegesse a nativa. Ora, o então do derrubar assim fica em proposto. Pior ainda. Uma árvore para ficar adulta, mesmo que fosse um pé de eucalipto, demora pelo menos oito anos. Quem vai produzir lingüiça híbrida, tendo um chiqueiro ao seu lado?
Uma árvore de madeira nobre, ao tempo de pelo menos 80 anos para ficar adulta.
Então, senhores, enquanto o tal anteparo de vegetação não cresce, para que perder tempo? Continuemos com as toras que a Mata Atlântica assim nos acostumou: mogno, jacarandá, pau brasil, peroba rosa, cerejeira, vinhático, ipê. O que vale é madeira de alta densidade. De massa dura. Eucalipto somente serve para forno de pizzaria.
Nesses de avessos, os indianistas não conseguem aperceber-se que índio, depois que veste bermuda de nylon, deixa de ser besta. Não troca mais ouro por espelho. São gananciosos como qualquer indivíduo que pretende deixar os outros de tanga. Reconhecem perfeitamente que a flora, a madeira e as jazidas valem fábulas. Desconhecem o ético e o cívico como os todos patriotas de baixa-guarda. Estão dançando o funk, enquanto os estudiosos do assunto pensam em passar-lhes líricos andamentos de valsa.
Colocando todos esses fatos em uma batedeira, chega-se a duas conclusões: os gestores de Amazônia sempre estiveram regularmente perdidos, não ambientalmente interessados. Apenas, quando muito, costurando uma interminável colcha de retalhos. Nunca houve uma ação consistente. Brilhante. Sem tantas variantes, mas, efetivamente, objetiva e merecedora. Inteligente. A segunda observação, mais fácil de se vislumbrar, está na vontade velada de fazer do território 10% de área preservada. Talvez mais fácil de ser administrada. O restante, transformado em imensas fazendas de gado, horizontes de soja, arrozais locupletando poucos donos. Entre esses, certamente, muitos políticos. As carvoarias e a limpeza dos currais, às migalhas de ganho aos desvalidos da terra.
Não serão as portarias de ofício normativo, nos seus capítulos e incisos, porteiras impeditivas. É um descortinar que somente a força armada ostensiva pode por cobro.
Nesse grosseiro em suficiente para afetar em fundo a vida dos que estão ao vir, igarapés serão secos. Rios assoreados, prejudicando a navegação fluvial. Drástica redução da umidade do ar e, conseqüentemente, das precipitações pluviométricas. Em quartos, esquartejados, muitos bois em tendais de açougues. ... É isso que os gajos querem!
A região não está fora do controle federativo? Fugaz realidade onde os conscientes, poucos, quedam-se lá atrás com a razão? Por que não o imediato e irrestrito devoluto à União?
Contudo, em remanescer, uma grande dúvida: os dos novos respirares, quando aqui estiverem, não farão o mesmo? – Quer parecer que a saga dos deméritos e da destruição é um tácito dos homens. Nunca houve, em brio de consciente, valorizar a natureza que os ampara.

Arnaldo Massari .

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