terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Hinos Aos Sem Abrigo

HINOS AOS SEM ABRIGO
Não estou só. Vivo sozinho.
Como companheiro.
O cão do meu vizinho.
Descobriu em mim um novo amigo,
Que o afaga e lhe dá carinho.
Descarrego nele, toda a solidão,
Que me vai no coração.
Vivo aqui, além…
Tendo como companheiros
Ninguém …
Não.
Tenho o cão. Fiel companheiro
Que nunca me pede dinheiro.
O dia corre.
Tem luz, cor, alento, prazer.
Vem a noite.
Que dor.
O escuro frio. O desejo de morrer.
Só.
Tal como vivo.
Sem sentido.
A brisa fresca, que os ossos enregela
Leva-me para a soleira de uma porta.
A mim e ao cão.
Que não precisa de trela.
Cobrimo-nos.
O cão e eu.
Com a coberta azul do céu,
Que Deus teceu
Talvez de um só fio.
Mas,
De tão esburacada que está,
Deixa passar tanto frio!
Aqui ficamos nós.
Sós.
E de estômago vazio.
À espera de um novo dia.
Esperança.
Que o sol anima na sua dança.
Acorda-nos a música da vida, a renascer.
Um abrir de persianas.
Um aqui, outro acolá, mais além.
O andar apressado. Alguém.
Que passa.
Eu continuo deitado.
Não espero ninguém.
Da vida perdi o tino
Não me lembro do passado
Que futuro?
Sem destino.


Zé Teixeira
José Teixeira




Um comentário:

  1. Bonita imagem. foi no«uma imagem deste género que me inspirei para fazer o poema.

    muito obrigado.

    BOM NATAL

    Zé Teixeira.

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Agradeço a todos pelos comentários sejam sempre bem vindos ao meu Blog....